in JN (1/12/2007)
"Nos sindicatos não há carreira"
António Teodoro
Ex-secretário-geral da Fenprof
Se ainda fosse funcionário público, o antigo líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof) teria ontem feito greve. "Por todas as razões e mais algumas" - desde logo as que radicam no estatuto dos docentes. "Os últimos três anos foram terríveis para os professores", afirma António Teodoro, assestando baterias na política governamental de Educação.
Professor de Educação Física - jogou futebol com Jesualdo Ferreira na equipa universitária - doutorou-se depois de abandonar a Fenprof, em 1994. Dirige actualmente o Instituto de Ciências de Educação da Universidade Lusófona. Responsável pela licenciatura e mestrado, desenvolve investigação no âmbito de projectos ibero-americanos. E exerce o cargo de vice-presidente do Comité de Investigação em Sociologia da Educação da Associação Internacional de Sociologia.
Não se afastou, no entanto, da sala de aula - lecciona duas disciplinas -, fiel à opção que manteve enquanto pôde, quando era dirigente sindical. "Sempre entendi que nos sindicatos não há carreira", diz, aludindo ao risco de "se afastarem dos problemas concretos e fecharem-se sobre si próprios".
Teodoro, que reconhece ter permanecido demasiado tempo como dirigente sindical - com grande sacrifício financeiro - não gosta de evocar a sua saída de militante do PCP, em 1990, numa das vagas de dissidência causadas pela queda do Muro de Berlim. O que recorda é o "esforço imenso" que então fez para que não afectasse o trabalho sindical.
"Tentei sempre preservar a independência da Fenprof", assegura. Respeitando a matriz do sindicalismo docente, em cuja fundação se envolvera na década de 70 não ter nascido por decisão política ou partidária, mas como movimento de base.
A partir do seu gabinete na universidade, é o olhar de cientista social - focado na Educação - que lança hoje sobre a realidade. Participou nos "Estados Gerais" e colaborou com o Governo de Guterres. Mas, neste domínio, não encontra qualquer semelhança com o de Sócrates, cuja estratégia de "culpabilização" das classes profissionais condena abertamente.
O Executivo socialista, sustenta, diminuiu a autoridade dos professores, reduziu as suas expectativas salariais e pôs em causa "dinâmicas de mudança" nas escolas. Por querer a todo o custo "apresentar resultados imediatos", caminho que considera "perverso", num sector onde nunca são de curto-prazo.
O "despotismo iluminado" da ministra da Educação só teve, na óptica de António Teodoro, uma vantagem unir todas as organizações sindicais contra a sua política, o que não acontecia desde finais dos anos 70".
Paulo Martins
(http://jn.sapo.pt/2007/12/01/ultima/nos_sindicatos_ha_carreira.html)
"Nos sindicatos não há carreira"
António Teodoro
Ex-secretário-geral da Fenprof
Se ainda fosse funcionário público, o antigo líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof) teria ontem feito greve. "Por todas as razões e mais algumas" - desde logo as que radicam no estatuto dos docentes. "Os últimos três anos foram terríveis para os professores", afirma António Teodoro, assestando baterias na política governamental de Educação.
Professor de Educação Física - jogou futebol com Jesualdo Ferreira na equipa universitária - doutorou-se depois de abandonar a Fenprof, em 1994. Dirige actualmente o Instituto de Ciências de Educação da Universidade Lusófona. Responsável pela licenciatura e mestrado, desenvolve investigação no âmbito de projectos ibero-americanos. E exerce o cargo de vice-presidente do Comité de Investigação em Sociologia da Educação da Associação Internacional de Sociologia.
Não se afastou, no entanto, da sala de aula - lecciona duas disciplinas -, fiel à opção que manteve enquanto pôde, quando era dirigente sindical. "Sempre entendi que nos sindicatos não há carreira", diz, aludindo ao risco de "se afastarem dos problemas concretos e fecharem-se sobre si próprios".
Teodoro, que reconhece ter permanecido demasiado tempo como dirigente sindical - com grande sacrifício financeiro - não gosta de evocar a sua saída de militante do PCP, em 1990, numa das vagas de dissidência causadas pela queda do Muro de Berlim. O que recorda é o "esforço imenso" que então fez para que não afectasse o trabalho sindical.
"Tentei sempre preservar a independência da Fenprof", assegura. Respeitando a matriz do sindicalismo docente, em cuja fundação se envolvera na década de 70 não ter nascido por decisão política ou partidária, mas como movimento de base.
A partir do seu gabinete na universidade, é o olhar de cientista social - focado na Educação - que lança hoje sobre a realidade. Participou nos "Estados Gerais" e colaborou com o Governo de Guterres. Mas, neste domínio, não encontra qualquer semelhança com o de Sócrates, cuja estratégia de "culpabilização" das classes profissionais condena abertamente.
O Executivo socialista, sustenta, diminuiu a autoridade dos professores, reduziu as suas expectativas salariais e pôs em causa "dinâmicas de mudança" nas escolas. Por querer a todo o custo "apresentar resultados imediatos", caminho que considera "perverso", num sector onde nunca são de curto-prazo.
O "despotismo iluminado" da ministra da Educação só teve, na óptica de António Teodoro, uma vantagem unir todas as organizações sindicais contra a sua política, o que não acontecia desde finais dos anos 70".
Paulo Martins
(http://jn.sapo.pt/2007/12/01/ultima/nos_sindicatos_ha_carreira.html)